TEXTO: Jo 3.16
INTRODUÇÃO: A princípio pregar sobre o amor de Deus parece tarefa fácil. Afinal, qualquer pessoa é capaz de fazer isso. Porém, esse assunto talvez seja o mais difícil da atualidade. Nenhum atributo de Deus é tão mal compreendido como esse (talvez apenas a justiça divina).
O conceito de amor aplicado a Deus usualmente faz do Senhor refém de todo tipo de chantagem. Dizer que Deus ama tornou-se desculpa para sustentar as mais bizarras práticas pecaminosas, fora e dentro da igreja.
Veja os casos de frases como: “Deus não pede nada de você, pois seu amor é incondicional.”, “não é a letra que importa, o que Deus quer é o amor.”, “se duas pessoas se amam têm que ficar juntas, pois o amor é de Deus”.
É vital entendermos o que de fato é esse atributo de Deus para não corrermos o risco de partirmos para a eternidade completamente perdidos por nos haver agarrado em alguma mentira ou engano sobre algo tão maravilhoso como o amor do Pai.
O que faremos então? Vamos olhar para esse texto áureo da Bíblia e explicar, a partir dele, o que o amor é quando visto como um atributo de Deus. Faremos isso separando do texto 5 características desse amor.
As características não serão apresentadas na ordem do versículo, mas naquela que julgamos melhor para desenvolver o tema. Por trás de cada sentença estar uma verdade sobre o amor de Deus.
I – O AMOR DE DEUS É ORIGINAL (de tal maneira)Por quê?
A. Porque não há referência maior (Is 40.25) Que amor na terra costuma ser a grande referência? O amor das mulheres. “Todo o amor de todos os corações femininos, comparado com o amor do coração de Deus, é como a tocha [luz] do vagalume perto do sol ao meio-dia.” – Meyer. (feche os olhos e imagine).
Veja a definição de amor: “É querer o bem do outro; e então fazer tudo para que esse bem aconteça.” (Reginaldo)
Esse tipo de amor é desconhecido por nós. Nem somos capazes de querer o bem à altura do que as pessoas precisam nem tão pouco temos o poder de suprir suas reais necessidades. Alguém disse que todo o nosso amor tem motivação egoísta.
Portanto, dizer que o amor de Deus é original é atribuir a ele qualidade exclusiva, incomparável, indecifrável, inviolável, infalsificável. Ninguém jamais conseguiu copiá-lo.
B. Porque Deus é amor (I Jo 4.8).
As Escrituras não dizem que o amor é Deus ou que Deus é o amor. O amor faz parte do caráter de Deus, não é uma entidade à parte da qual ele se serve. O amor é de Deus e dele se espalha para tudo o que existe.
Jesus disse que Deus amou o mundo de TAL MANEIRA. Essa tal maneira poderia ser tratada como uma figura de linguagem, uma hipérbole, se estivesse referindo-se a nós, mas em se tratando de Deus, foi exatamente o que aconteceu.
O amor de Deus é tão inexplicável que para traduzi-lo o Pai o personificou, nos enviando seu Filho Jesus para viver entre nós. Mesmo assim, esse amor só pode ser acessado por alguém nascido de novo.
II - O AMOR DE DEUS É PURO (não pereça) Os sentimentalistas só veem aqui a salvação e não a condenação implícita.
A. A Santidade de Deus é o padrão do amor
Onde não há santidade não existe amor, pois, uma vez que Deus é a fonte do amor ele passa a ser a própria referência. E o que sabemos sobre o caráter de Deus? Que ele é santo. Ou seja, ele odeia o pecado e seu zelo destruirá o culpado.
Mas o amor de Deus não está acima de todas as coisas? Não. O amor depende de um padrão para regular seus atos e o padrão do amor de Deus é sua própria santidade. O amor não é um sentimento tão doce e frágil que faz de si mesmo incapaz de julgar e separar o certo do errado. Pelo contrário. O amor e o pecado são auto-excludentes.
B. O amor de Deus e o pecado são auto-excludentes (I Jo 1.5-7)
Se o amor está do lado da luz não pode estar associado a qualquer prática das trevas. João diz que Deus é luz e não há nele treva alguma. Quem está nas trevas e diz está com Deus é mentiroso. João é o mesmo que diz que Deus é amor.
Jesus não veio para julgar, mas para salvar. Mas aquele que nele não crer se auto exclui desta salvação (Jo 3.17,18)
Não vivamos no pecado confiando que o amor de Deus nos salvará. No juízo final será do Dia de cobrar toda a desonra cometida contra sua santidade. Ele não tomará o culpado por inocente. Jamais entrará no céu qualquer coisa impura.
III – O AMOR DE DEUS É MANIFESTO (deu seu Filho)Dar é a atividade natural do amor de Deus (Tg 1.15)
Somente Deus pode dar de si mesmo, e ele decidiu doar-se. Ele sempre foi pleno, mas aumenta sua alegria e glória dividindo com sua criação suas virtudes. E ele faz isso porque sua natureza é amar.
Ou seja, Jesus é a entrega mais preciosa, generosa e feliz que Deus poderia dar a favor de quem não merece se não a condenação eterna.
IV – O AMOR DE DEUS É INCONDICIONAL (amou ao mundo... para que todo aquele)
O amor estar ligado, até certo ponto, tanto ao sentimento quanto às escolhas. Nesse sentido Deus ama a todos e prover a todos porque ama a todos. Mas apesar do amor de Deus ser incondicional, seu amor não é.
A. Amor sem condições é permissividade Como parte do amor de Deus temos a misericórdia, a graça, o perdão, a bondade, a longanimidade. Imaginemos Deus refém de seu próprio amor. Não é o que a Bíblia diz:
Deus corrige a quem ama e àqueles que não receberem a Cristo manterá sob sua ira. (Jo 3.36) O alvo de Deus é nossa santificação, menos que isso ele não quer (Hb 12.10) “Pois eles nos corrigiam por pouco tempo, segundo melhor lhes parecia; Deus, porém, nos disciplina para aproveitamento, a fim de sermos participantes da sua santidade.”
B. Como fica a graça?
Não somos salvos pelas obras, mas tudo na vida é ação. Ou seja, se pego um lápis caído no chão isso é uma ação (uma obra, trabalho, movimento em direção). Quando viajo, assisto, compro, vendo, ou quando beijo minha esposa, tudo isso é ação.
Do mesmo modo, quando ouço a palavra da fé e tomo uma decisão de obedecer ou não estou praticando uma ação. Toda ação tem consequências. Se creio, isso é uma ação com consequências; se não, isso também é uma ação com consequências.
O que quero dizer é que ainda que nenhuma obra que eu pratique possa me salvar (pois as obras de Cristo proveram nossa salvação), tão pouco poderei me salvar sem agir em direção a Deus. Podemos debater que até essa ação está baseada na fé que Deus concede a nós (é o que a Bíblia diz em Ef. 2.8), mas nada muda o fato que é nossa responsabilidade praticar ações concretas, visíveis, que correspondam ao que dizemos crer no coração.
Tudo isso para dizer: afirmar que Deus não requer nada de nós, apenas que creiamos em seu amor, não é verdade.
A ação de crer implica concordar em obedecer a cada mandamento do Senhor. E essa obediência só é válida quando praticada em amor. Jesus disse: se me amais, guardareis os meus mandamentos.
V – O AMOR DE DEUS É ETERNO (mas tenha vida eterna)Por tudo o que foi podemos agora entender por que Deus planejou nos dar a vida eterna em seu Filho Jesus:
“Naquele dia, pedireis em meu nome; e não vos digo que rogarei ao Pai por vós. Porque o próprio Pai vos ama, visto que me tendes amado e tendes crido que eu vim da parte de Deus.”
Só a eternidade bastará para que Aquele que nos amou revele tudo o que até agora está guardado: mas, como está escrito: Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam. 1 Coríntios 2:9
CONCLUSÃO Deus amou a todas as pessoas do mundo com um amor que somente ele poderia amar. A prova de que esse amor foi total e incondicional está no fato dele haver entregado à morte seu bem mais precioso, Jesus Cristo. Agora cabe aos seus inimigos por causa do pecado crerem e receberem esta oferta de amor para alçarem a vida eterna. Aquele que rejeitar não poderá contar com o amor de Deus, mas sofrerá o mais terrível juízo no Dia em que o Senhor vier para vingar com zelo a todo pecado contra sua santidade.